Primeiramente gostaria de pedir desculpas ao público do Portal Caneca pois essa semana estarei deixando o senso crítico e as teorias de lado, para compartilhar de fã para fã o turbilhão de sentimentos que foi The 100. Talvez o que irei escrever aqui não é o que você deseja ler, mas ao perder aquele que pode ter sido um dos personagens mais marcantes que já passou pela TV, o mimi acabou sendo liberado.
Desde a primeira temporada The 100 foi reconhecida por sua coragem e pela destreza em narrar sua trama, sempre fugindo de todos os estereótipos já característicos de tantas outras séries do canal, nos fazendo pensar a todo momento se estávamos mesmo assistindo uma série teen da CW. Mas a série ganhou de vez o coração do público e dos críticos ao incorporar no show um novo nível de representatividade nunca antes visto nas séries do mesmo gênero. Mostrando ao mundo que personagens LGBT não precisam ser destacados meramente por suas sexualidades.
Não é difícil encontrar personagens LGBT na TV atualmente, porém, a grande maioria ainda é usada de maneira errada. Quando esses personagens conseguem fugir da sexualização e dos estereótipos, suas tramas são superficiais dando aquela velha sensação de estarem ali apenas por terem que cumprir uma cota.
Mas em The 100 foi diferente, pela primeira vez… O mundo pós-apocalíptico da série trouxe para tela personagens gays que estão muito acima de suas sexualidades. Seus personagens possuem preocupações bem maiores do que uma “simples” orientação sexual, finalmente mostrando a todos a representação que a comunidade tanto ansiava. O relacionamento entre Lexa e Clarke gerou um grande impacto na série, e não por serem duas mulheres que se amam, mas por pertencerem a povos diferentes, contendo visões políticas diferentes, fazendo com que esse romance ultrapassasse a linha do “apenas mais um ship”.
Quando Lexa nos deixou no episódio Thirteen (03×07), a revolta dos fãs foi imediata. Não porque o ship acabou, e sim porque a morte da Lexa vai muito além da perda de um simples personagem. Ainda batendo na tecla representação, a Comandante Lexa acabou se torando o símbolo de uma geração e uma comunidade machucada por falsas personificações.
Antes de atirar pedras, ou chamar o fandom Clexa de mimizento, fique atento aos números, são gerações e gerações de personagens fortes, expressivas, lésbicas e/ou bissexuais que foram tiradas abruptamente de seus fãs:
Lexa comprimiu sua missão, ela não será lembrada apenas como mais uma personagem lésbica que morreu; ela será lembrada como a Comandante dos 12 Clãs, a primeira Heda a dar um fim a uma guerra sem procedentes. E será lembrada também, pelo seu amor incondicional pelo seu povo e seus valores, e isso é o que importa no momento.
The 100 é uma série que não dá ponto sem nó. Como já falei diversas vezes aqui no Portal: Cada relacionamento na série é parte fundamental da trama. A morte de Lexa abriu as portas de um mundo completamente novo para a temporada, se antes era fácil criar teorias e mais teorias, agora é praticamente impossível prever o que está por vir.
A morte de Heda era algo inevitável, bastava prestar atenção nos fatos. Sua morte foi essencial ao esclarecer a ligação dos Grounders com a City of Light, além de finalmente explicar a mitologia dos Comandantes e todos os segredos que envolviam a 13º Estação.
Outro ponto forte que devemos lembrar: É que cada morte em The 100 é importante; principalmente para nossa protagonista. Se você assim como eu, admira o crescimento de Clarke, ele só foi possível porque ela precisou superar suas dores mais profundas, e ao que tudo indica, a morte de sua amada será outro grande impacto na vida de Wanheda, talvez muito maior do que todas as outras anteriores. Lexa será a Costia de Clarke.
O fandom de The 100 se encontra em um momento difícil, no exato instante parece quebrado, impossível de reagir. Mas se superarmos as ship wars, e a essa morte, podemos lembrar que existe uma trama muito maior, e tantos outros personagens com excelentes estorias. A série precisa do seu público para se manter em pé e continuar trazendo grandes e complexas tramas, além obviamente, de seguir com sua missão de dar uma nova cara as séries do gênero teen. Não deixe que a morte de Lexa seja em vão, honre a memória da personagem.
A morte não é o fim