Por Dandara Emilly
25 de Fevereiro de 2015
Baseado no livro de mesmo nome da autora irlandesa Emma Donoghue e dirigido por Lenny Abrahamson, O quarto de Jack conta a história do garoto e sua mãe Joy, que vivem num misterioso quarto fechado durante anos, sem ter contato nenhum com o mundo exterior. Da mesma forma do livro, o filme é contado sobre a perspectiva de Jack, que acredita, enquanto encorajado pela mãe, que o local onde ambos estão trata-se do mundo em sua totalidade. A realidade entretanto é outra, Joy (Vivida por Brie Larson) foi sequestrada e mantida presa ali durante 15 anos, sendo abusada e no processo, dando à luz ao menino.
Quando através de um ousado plano de Joy ambos acabam sendo libertados, Jack vê-se num lugar totalmente diferente do que está acostumado e assim deduzimos, que é disso que se trata o filme. Fugindo dos clichês em que o sofrimento é escancarado e a liberdade é abraçada como redenção em finais emocionantes, a trama mostra o que realmente é o trauma, e que quem passa por ele apenas experimenta outras formas de dor, nem sempre menores, apenas diferentes.
Menos da metade do filme se passa no tal quarto. Quando são libertados, Jack passa por um dificílimo processo de adaptação ao mundo real, enquanto Joy experimenta a depressão e por vezes julgamento por parte dos outros. Ao mesmo tempo em que vemos personagem com facetas vergonhosas, como o pai de Joy ignorar Jack por completo, somos presenteados com outros profundamente densos, como o padrasto de Joy e a própria mãe que acolheram o neto, demonstrando uma sensibilidade incrível.
As interpretações são maravilhosas. Brie provou ser uma grande atriz, o que lhe rendeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz bem como o favoritismo à estatueta. Porém talvez o maior destaque do filme seja o pequeno Jacob Tremblay, que viveu Jack e impressionou à todos com seu talento. Além de tudo isso, os diálogos do filme são extremamente tocantes, nos fazendo chorar do início ao fim.
O filme ainda foi indicado ao Oscar nas categorias de Melhor filme, melhor diretor e melhor roteiro adaptado. Apesar de ter qualquer coisa o filme vale à pena por sua história comovente e sua dose de humanidade, que afinal, nunca é algo demais a se tomar.