Por Pedro Henrique
15 de julho de 2016
Se com boas intenções um livro conseguisse sucesso, O Mistério Oculto na Terra Negra seria um best-seller. O livro, escrito por Clarisse Leal, é uma obra literária independente que conta com o apoio da Oasys Cultural, uma agência de divulgação literária.
O Mistério Oculto na Terra Negra é um livro de ficção fantástica com ares de ficção histórica e isso, num primeiro momento, é bem interessante, não fosse o fato de que a execução da narrativa peca em alguns momentos. O livro tem 264 páginas e 164 capítulos divididos em duas partes, uma com 11 capítulos e a segunda com 153. A primeira parte do livro narra a história de um jovem inominável que se depara com um objeto sobrenatural no meio do deserto. Isso se dá há milhares de anos atrás. Através desse encontro, o tal jovem – que carrega uma marca muito específica em um de seus olhos – passa a receber dons especiais do objeto, com os quais decide fundar uma organização secreta para proteger a localização deste misterioso objeto. Fim.
A segunda parte já se passa há alguns séculos após o nascimento de Cristo e narra as desventuras da jovem Zenóbia, uma mulher impetuosa e incontrolável, regida por uma sede imensurável de poder.
Como disse antes, este é um livro com boas intenções, realmente, ao longo da leitura percebe-se que a autora teve uma preocupação bem grande em construir uma história bastante rica em detalhes e informações. Há quem diga que O Mistério Oculto na Terra Negra seja uma versão ficcional da história de Cleópatra. O grande problema, porém, é que o livro carece bastante de uma revisão textual e estética e isso é algo que me incomodou bastante ao longo de sua leitura, pois fez com que o foco da narrativa se perdesse em meio à extensa gama de erros que encontrei no livro.
Além disso, a quantidade de capítulos apresentada é bem surreal considerando que, em vários casos, você tem capítulos com menos de 15 linhas. O maior capítulo do livro tem 3 páginas. Fazendo uma comparação, o maior livro da saga de Harry Potter (A Ordem da Fênix) não chegou a 40 capítulos, sendo que o livro tinha mais de 700 páginas.
Quanto à trama, não há muito do que reclamar, é, de fato, uma história interessante e, mais uma vez, muito rica em detalhes. Isso chama muito a atenção. O grande problema, sendo bem repetitivo, foi a forma como a autora desenvolveu sua obra. Em alguns momentos, você tem vários capítulos narrando exatamente a mesma coisa, com apenas algumas palavras diferentes. Quando não, você tem um excesso de descrição que parece provocar um deslumbramento exacerbado para com a história porque, paralelo a isso, a narrativa mesmo não parece ter muito a oferecer. É como se a narrativa vivesse aos fôlegos, tropegante, começa bem, depois vai perdendo o ritmo, recupera e perde de novo e assim vai até o fim.
Já li e fiz muitos trabalhos desde que comecei minha vida como ghostwriter (lá nos idos de 2008), se eu tivesse que sugerir algo a autora, seria investir um pouco mais na revisão textual e estética do livro. Digo isso porque, ao contrário do que possa parecer, O Mistério Oculto na Terra Negra é uma história com muito potencial e bastante envolvente (desconsiderando as falhas na revisão). Zenóbia é uma personagem realmente fantástica e as revira-voltas que ela causa na história são algo bem impactante. Então, sim, acredito que este é um daqueles livros que merecem um cuidado e carinho maior para, quem sabe um dia, ser (re)lançado como uma obra para ninguém botar defeito.
Até a próxima.
Revisado por Alexandre Moreira