Por Pedro Henrique
26 de Setembro de 2016
Filmes com viagem no tempo e paradoxos temporais sempre me atraem, mesmo que sejam bem ruins, o que não é o caso de Arq, uma produção original Netflix, lançada este mês na plataforma de streaming da empresa.
Apesar de sua temática, Arq não é, necessariamente, um filme pretensioso e isso se percebe até mesmo em seu nome: afinal, o que é Arq? Não espere resposta a essa pergunta, pois você não terá. Mas, isso não faz falta para o filme e, se olharmos bem, é até um ponto chave para a história da trama que gira em torno de loops temporais infinitos.
Não há como falar do filme sem lançar alguns spoilers, então, perdoem-me se, por acidente, escapar algum. Voltando ao tópico, Arq é protagonizado por Robbie Amell (The Flash e Arrow) que, por um momento, me fez pensar ser seu primo, Stephen Amell (o sangue ajuda, com certeza). Ao lado dele, temos Rachael Taylor (Jessica Jones e Transformers). Robbie dá corpo e voz a Renton enquanto Rachael vive Hannah, seu par amoroso. A história começa quando os dois são acordados em uma manhã, quando a casa de Renton é invadida por um grupo de assaltantes. Daí em diante, a história segue se repetindo em um loop infinito e, aparentemente, sem explicação.
Arq tem uma similaridade bem próxima com outros filmes do gênero. Por exemplo, é quase impossível assisti-lo sem se lembrar de “No Limite do Amanhã”, filme protagonizado por Tom Cruise e com uma temática quase idêntica. Um clássico com o qual Arq guarda algum parentesco é “Donnie Darko”. E ainda tem o filme “Contra o Tempo” com o qual Arq também tem bastante semelhança. Então, bom, é de se esperar que o filme da Netflix não tenha um roteiro exatamente original. Além dos que citei aqui, poderia mencionar outras tantas películas com as quais Arq guarda muita semelhança.
Apesar disso, Arq é um filme inteligente, bacana e, como disse, nem um pouco pretensioso. Funciona na medida em que seu orçamento e o algoritmo mágico da Netflix permitiu. Ele é, antes de tudo, entretenimento e, como tal, cumpre bem o seu papel. Mas, vale dizer que a história surpreende, especialmente por seu final que, contrariando mil expectativas, conseguiu fugir do padrão que grande parte dos filmes do gênero segue.
Arq se passa num futuro que pode ser bem próximo, ou então, bem distante de nós. Isso permanece impreciso durante toda a película. O que se sabe é que é o nosso futuro e ele será bem ruim, tão ruim que uma maçã será item de luxo. No meio desse contexto, temos Renton e Hannah e sobre os dois não há muito o que dizer sem que se revele informações importantes sobre a história. O que se descobre ao longo do filme é que os dois estão ligados a um confronto entre uma Corporação que parece dominar o mundo e forças rebeldes que querem derrubá-la. Renton, aparentemente, trabalhava para a tal corporação e roubou algo da empresa o que o fez se tornar um fugitivo.
O objeto roubado? Uma máquina capaz de gerar energia auto-suficiente chamada Arq! Pois é, o Arq (a máquina) está no centro da trama e parece ser o que vai gerar todas as reviravoltas que vemos ao longo dos 90 minutos que compõem a trama.
O filme é bom, ainda que não seja o melhor do gênero. Tem boas atuações, uma boa fotografia que funciona e complementa muito bem aquele clima de Terra pós-cataclisma e a trilha sonora cumpre bem seu papel. No entanto, o que mais me surpreendeu foi o final do filme que, nos primeiros segundos, me causou uma raiva enorme, mas depois, fez todo o sentido, considerando tudo o que já tinha visto na história até ali. E essa, a meu ver, foi a cartada de mestre de Arq, porque, contrariando expectativa e a herança de tantos outros filmes, Arq arrisca num final, oferecendo uma solução que simplesmente não soluciona nada, mas que faz todo o sentido quando se leva em consideração o fato de estarmos vendo um filme sobre loops temporais.
Então é isso, pessoal, convido-os a assistir mais uma obra original Netflix que tem muito a oferecer sem prometer nada, mas entregando 90 minutos de puro e agradável entretenimento cinematográfico.
Até a próxima.
Revisado por Aline Machado.