Por Pedro Henrique
06 de junho de 2016
Olá, pessoal! Como vão?
Pois bem, umas semanas atrás, vagando pelo catálogo da Netflix, me deparei com um anime que me chamou bastante a atenção pela proposta que ele oferecia. Em geral, não sou muito fã desse gênero, mas dei o braço a torcer e fui assisti-lo. Foi assim que me apaixonei por Ajin: Demi-human, uma série original Netflix lançada este ano e que narra a jornada de Kei Nagai, um estudante secundarista que, num acidente de trânsito, descobre-se imortal, um ajin. A série tem treze episódios que contam desde a descoberta de Nagai como ajin, até sua decisão em lutar contra o Sr. Sato e Tosaki.
Ajin: Demi-human é um anime baseado no mangá homônimo lançado pela Kodansha em 2012, já com sete volumes lançados (nenhuma tradução para português, até o momento. #todoschoram). Tanto no mangá como no anime, a história gira em torno da descoberta da existência dos ajins, seres imortais e, supostamente, não humanos que vivem entre nós e que, por vezes, podem passar toda a vida despercebidos, uma vez que sua imortalidade só é descoberta quando sua vida é posta em risco. É assim que Kei Nagai, nosso protagonista, passa toda sua vida sem saber que era mais do que um estudante secundarista.
Nagai descobre-se quando, ao retornar da escola, é atropelado por um caminhão. E, bom, ele deveria morrer depois dessa, não? Mas não é o que acontece. Nagai acorda embaixo do caminhão que o atropelara, ileso e muito bem vivo, obrigado. É a partir daí que a vida do garoto toma outro rumo e ele vira alvo das autoridades japonesas que o veem como um risco à segurança da nação.
Veja bem, no contexto do anime, ajins são vistos com maus olhos, afinal, como assim eles não morrem? Além disso, com tempo se descobre que, além da imortalidade, ajins possuem outros dons e isso, por si só, pode ser uma ameaça considerável.
Não seria pouco dizer que Ajin: Demi-human carrega um paralelo interessante com X-men. Na verdade, as duas histórias se assemelham em muitos pontos, até mesmo na construção de seus personagens. Kei Nagai é, para Ajin, o que o Professor Xavier e seus alunos são para X-men. Do mesmo modo, o Sr. Sato está para o Magneto, assim como Tosaki está pra o Striker e nisso, já se pode supor o repertório de críticas contra a sociedade que o anime carrega.
Pela natureza do que são, os ajins são recrutados compulsoriamente para os experimentos mais insanos que se possa pensar, o que inclui tentativas de mortes consecutivas para avaliar o potencial de ressuscitação e regeneração deles. Não a toa, todos aqueles que se descobrem imortais passam a viver escondidos, temendo serem descobertos e, consequentemente, caçados e capturados pelas autoridades japonesas e internacionais. O que surge como outro paralelo com os X-men.
Mas, vale citar, Ajin: Demi-human, não é um anime para estômago fraco; em alguns momentos, ele carrega um teor bem gore, com bastante sangue na tela e tripas voando. De modo similar, a atmosfera do desenho é bastante tensa e carregada de conflitos, há poucos momentos para se respirar tranquilamente, e mesmo estes parecem carregados por alguma premonição negativa.
Há quem não tenha gostado da série e a maior parte das críticas desse grupo se sustenta sobre a animação propriamente dita. Ajin: Demi-human é um desenho que abusa bastante de recursos em 3-D, especialmente nas cenas envolvendo as MNU – criaturas sobrenaturais responsáveis pelas habilidades dos ajins. Além disso, talvez por conta do 3-D, a movimentação das personagens parece lenta, engasgada, mas não é. O anime aposta muito nos detalhes ainda que, algumas vezes, a imagem geral possa parecer confusa. Eu, particularmente, gostei de tudo, da animação, do 3-D, das cores e, claro, da história.
Kei Nagai não é o protagonista mais carismático do mundo; em algumas ocasiões dá mesmo vontade de torcer para que ele morra. (como se isso fosse possível. Será que não?) Mas também, ele não existe sozinho, assim como a série não se faz sem ele. Além de Nagai, temos Kaito que é, definitivamente, o personagem MAIS LEGAL da história toda e que salva a vida de Nagai em vários momentos, mesmo colocando a própria em risco. E, confesso, dei uma shippada básica aqui, mas isso não vem ao caso. E temos também o núcleo vilão da história composto por não apenas um, mas dois, eu disse DOIS vilões, Sr. Sato e Tosaki.
O Sr. Sato é outro ajin da história, já velho e conhecedor de toda a desgraça que o mundo fez para combater os imortais. Ele tenta, a todo custo, recrutar outros ajins para lutarem contra o governo e exigir a liberdade dos seus, mesmo que isso signifique passar o rolocompressor na sociedade. Como disse, as boas intenções de Sato estão no mesmo nível das de Magneto, então imagina como funcionam as coisas. Tosaki, por sua vez, abomina os ajins assim como Striker abominava os mutantes. Ele fará de tudo para combatê-los, ainda que isso signifique trabalhar com uma ajin ao seu lado (Izumi).
Pelas graças de nosso bom senhor Odin, já foi anunciada a segunda temporada da série, que deve ser lançada em outubro desse ano. Enquanto isso, seguimos assistindo e revendo a primeira temporada porque, afinal, vida pra que quando se tem Netflix?
É isso aí, pessoal. Até a próxima!