Home » Comics » Parasyte, um anime superestimado? [Crítica]

Parasyte, um anime superestimado? [Crítica]

kiseijuu sei no kakuritsu parasyte

Por Nicolas Fioresi

05 de abril de 2015

Adaptado de um mangá dos anos 90, um dos animes queridinhos da temporada do outono de 2014 do Japão, Kiseijuu: Sei no Kakuritsu, ou Parasyte para os mais íntimos, terminou em março com muita gente mais amando do que odiando. É claro que haters sempre existirão e não é o meu caso aqui, porém, é preciso declarar a verdade que não muitos não conseguem ver: Parasyte é um anime superestimado. Não me entenda mal, ser superestimado não significa ser ruim. Em geral, o anime tem diversos pontos positivos, mas peca demais ao não explorar todo o seu próprio potencial.

Para quem está se deparando com Parasyte pela primeira vez, a história é a seguinte: Izumi Shinichi é um adolescente de 17 anos comum que vive com seus pais em Tóquio. Certa noite, criaturas alienígenas (os tais Parasytes) invadem a Terra sem mais nem menos e começam a usar os humanos como hospedeiros, seus cérebros mais especificamente. Izumi foi um desses humanos em que um parasita tentou se hospedar através de seu ouvido e de seu nariz. No primeiro falhou porque o protagonista usava fones de ouvido, já no segundo ele espirrou o “bicho” para fora. Bom, felizmente, o parasita não tentou entrar por mais nenhum orifício… E então foi direto para a mão direita de Izumi. Com isso, não pôde chegar ao cérebro para controlá-lo e ficou preso ali. Agora, ambos têm de coexistir enquanto vemos um humano se tornando cada vez mais um “monstro” e um monstro se tornando cada vez mais “humano”.

kiseijuu sei no kakuritsu parasyte

Antes de qualquer coisa, Parasyte não é um shounen. Você não vai encontrar um super vilão que ao final precisa ser derrotado. Mas, ao mesmo tempo, o anime se torna confuso ao tentar se encaixar em outro gênero mais específico. Em alguns momentos, tudo lembra bastante Death Note e seu enredo “psicológico”. Em outros, há bastante ação e sangue. Um pouco de romance também está lá, obviamente. Claro que não há problema em fazer essa salada de frutas, já que diversos outros animes fazem.

A questão está em como fazem isso, flertam com gêneros sem propósito nenhum. O enredo não é linear e muitas interferências aleatórias acontecem sem que tudo consiga ser bem amarrado (ainda mais no final). Uma hora Izumi e Migi (o nome dado para à mão-direita-parasita) estão lutando para sobreviver, já em outra rola aquele romancinho escolar de sempre que é bem sem sal nesse caso, e então do nada eles começam a fugir de outro suposto inimigo, para logo depois iniciarem mais uma luta. São lutas contra parasitas que já dominaram humanos e que começam a persegui-lo sem qualquer motivo a não ser o fato de ele ser o protagonista. Ufa.

Enquanto tudo isso acontece, ainda há momentos filosóficos que muitas vezes conseguem sim nos fazer refletir. Já em outras… Nem tanto. No enredo, nós não estamos no topo da cadeia alimentar. Os parasitas nos usam, assim como nós usamos outros animais e assumimos que temos compreensão sobre o que outras espécies sentem (palavras do próprio anime). OK, mas, afinal, é essa a mensagem? Que a humanidade é a culpada por outras espécies não progredirem? Que deveríamos sumir ou aprender a conviver melhor com elas? Ficou confuso. Interessante, mas confuso.

Mas é a falta de equilíbrio e de direção da história que realmente incomoda. A partir de certo episódio, o desenvolvimento é lento, especialmente quando falamos dos próprios personagens. Acredito que apenas um teve de fato um ótimo desenvolvimento durante os 24 episódios. Enquanto isso, outros simplesmente desaparecem ou, pior, não têm outra fala a não ser “você é realmente o Shinichi?”, não é, Murano?

kiseijuu sei no kakuritsu parasyte

 “Talvez os humanos sejam as coisas mais próximas de demônios.”

No entanto, Parasyte é divertido de assistir. E não estou me contradizendo depois de todas as críticas. Alguns episódios fluem naturalmente e divertem caso você não pense que está assistindo algo “genial”. A animação não deixa a desejar já que é feita pela Madhouse, mesmo estúdio de Death Note, Hajime no Ippo, Hunter x Hunter (2011), etc. A trilha sonora com certeza se destaca e é um dos pontos mais fortes, mesmo que a abertura cantada pela banda Fear, And Loathing in Las Vegas e seu autotune não sejam lá essas coisas.

Trivia: Parasyte também foi adaptado para live action, sendo que um filme estreou nos cinemas japoneses em novembro de 2014 e a continuação está prevista para esse mês (abril 2015). Quem quiser pode conferir o trailer no YouTube clicando .

kiseijuu sei no kakuritsu parasyte crítica

anime Crítica Fear And Loathing in Las Vegas Izumi Shinichi Kiseijuu Kiseijuu Sei no Kakuritsu Nicolas Fioresi Parasyte

Leia também: