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How I Met Your Mother – Series Finale [Crítica]

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Por Guilherme Souza

01 de Abril de 2014

And it was legen- wait for it

É complexo falar de How I Met Your Mother. A série surgiu em 2005 com um premissa aparentemente simples e sem grandes novidades. Um grupo de amigos envolvidos em seus vários problemas e crescendo com eles, com um personagem principal prometendo contar aos filhos como conheceu a mãe deles.

Mas isso se tornou muito maior e deu muito certo.

São poucas as séries que sobrevivem a 9 temporadas na competitividade que é a televisão hoje em dia. E o maior sucesso disso é a brilhante maneira como tudo foi contado.

A fase adulta

A série não se prendeu a mostrar o surgimento de um lance amoroso. Se comprometeu em mostrar um grupo de amigos crescendo juntos e se tornando adultos de fato. Mostrou para uma geração nova essa fase da vida, onde tudo é confuso e crises existenciais são regras, e não a exceção. Vimos Marshall e Lily se conhecerem cedo e se tornarem noivos, vimos suas crises quando seus sonhos se conflitaram, e, mais importante, vimos eles superarem isso, mantendo sempre sua essência. Vimos eles terem seu primeiro filho e se mudarem, conseguindo atingir seus sonhos. Vimos Barney ir do mais ordinário e caricato womanizer ao mais leal dos amigos em vários momentos, afinal, só é lendário se você está com eles. Vimos ele evoluir enormemente durante as temporadas, passando por crises com a descoberta de quem é seu pai e seus relacionamentos sérios e descoberta do amor de verdade. Vimos Robin se descobrir e descobrir o que fazer da vida durante os anos. Ela passou de âncora de um jornal que ninguém assistia para alguém importante. Ela desenvolveu relações duradouras na Big Apple e fez sua vida na cidade dos sonhos. Ela passou por momentos terríveis e foi negada a algo que, mesmo nunca desejando, nos fez chorar. E, por fim, encontrou o amor que sempre achou que não queria, a vontade de ter uma família. E, por último, Ted. Um dos personagens que mais mudou e mais manteve sua essência através dos anos. No começo tudo que ele queria era encontrar o amor da vida dele, e no final tudo que ele queria era encontrar a si mesmo. Difíceis decisões foram tomadas nessas 9 temporadas. Caminhos se separaram, se uniram novamente, amores foram criados e desmontados, casas mudaram, profissões evoluíram, e em nenhum momento a série deveu em nos mostrar como a nossa geração tem se tornado adulta.

A geração

Geração esta que foi representada de forma fiel e atual para o público. Todos conseguem se relacionar com a forma como os personagens foram mostrados. Quem não gostaria de ter sabres em sua casa, e usá-los para lutar? Quem não gostaria de ter um uniforme de Stormtrooper em sua sala? Quem nunca pensou em viver de arte, ou ficou com medo daquela prova especial para sua profissão, ou quer seguir o emprego dos sonhos, mesmo ganhando menos? Quem nunca quis encontrar o amor da vida, como nas comédias românticas? Pequenas e grandes características nossas foram sempre bem exploradas. Coisas raramente exploradas em outras séries, como FOMO (Fear of Missing Out), sustentabilidade e consciência ambiental, amor pela profissão em sua forma pura, sem se “prostituir” para o mercado, apareceram em mais de um episódio da série, que sempre teve o cuidado de deixar esses assuntos leves. Nós nos vimos nas depressões dos personagens, nas suas buscas, e tudo se tornou melhor assim. É muito mais crível ver algo com o qual você consegue se relacionar tão facilmente.

A timeline

A série se mostrou interessante ao nos trazer um relato do futuro sobre o passado, mas não parecia nada muito diferente. Até começar a suas viagens no tempo. Pulos de meses e anos são comuns na série, que mistura vários momentos do passado para contar a sua história, sempre trabalhando isso de forma a causar alguma emoção. E a última temporada trabalhou isso incansavelmente, entregando vários momentos de Ted com a Mother, um presente para os fãs terem ao menos um vislumbre da vida do casal que nunca veremos o bastante.

O drama

Uma série de comédia tem a obrigação de não falhar em nos trazer risadas. Mas nunca foi esperado o teor dramático que vimos ao longo dos anos. Leve em suas primeiras temporadas, quanto mais episódios se passavam, mais drama entrava na série, mas sempre sendo pontual. E isso foi um dos maiores acertos de How I Met Your Mother. Seus momentos dramáticos sempre se mostraram pesados e viscerais. Os términos sempre foram pesados, como Marshall e Lily se separando ou os términos mais importantes de Ted (Victoria e Stella). E raramente houveram momentos tão tristes quanto a morte do pai de Marshall. Ao nos entregar esse equilíbrio entre a comédia proposta e o drama real, a série conseguiu conquistar, suavizar, destruir e reconstruir inúmeros corações.

 Os atores e personagens

Muitos atores ali não eram conhecidos do grande público. Eles se reinventaram em seus papéis. Eles atuaram durante 9 anos como um grupo de amigos, chegando ao ponto de se tornarem tão próximos quanto se via na tela. Sempre respeitaram o espectador e sempre entregaram belos momentos de comédia e drama. Jason Segel e Neil Patrick Harris nunca falharam em nos entregar piadas e tiradas sensacionais, e, ao mesmo tempo nunca deixaram o drama falhar. A entrega aos personagens foi um dos fortes da série, facilmente visível na atriz Alyson Hannigan, que sempre trouxe uma capacidade dramática forte (ainda mais no último episódio).

E as participações especiais/ocasionais não deixam a desejar. A série sempre trouxe pessoas interessantes para fazer pequenas participações. Personagens como Victoria e Ranjit são exemplos de um bom trabalho, principalmente na construção deles. E o respeito a inserção deles na trama foi exemplar. Personagens vão e voltam entre temporadas, sempre mostrando alguma evolução ou acontecimento relacionado a eles. Isso inclusive culmina num dos últimos episódios da série, onde Ted fala o que aconteceu com diversos personagens.

O final

 Muita expectativa foi gerada, muitas teorias foram criadas, e todos queriam finalmente ver o momento que Ted conhece a Mother.

O episódio focou basicamente em mostrar o futuro. Eventos futuros mostram a conclusão dos personagens e como a gangue saiu do casamento. Foi um dos primeiros erros do episódio. Focar tão fortemente no futuro diminuiu o peso da despedida no casamento, e, durante todo o episódio, decisões foram plenamente contra o desenvolvimento feito em alguns personagens, especialmente Barney e Robin. Não contentes, as mudanças nos personagens foram jogadas sem a menor cerimônia, sem desenvolvimento ou explicação. O que tivemos foi um retrocesso à maneira que eles eram algumas temporadas passadas. E os cortes de tempos feitos, tão bem aproveitados até o episódio passado, só diminuíram ainda mais o valor desses momentos. Os minutos iniciais do episódio são sinceros e simples, mas entre os 10-30 minutos tivemos um desperdício de tempo enorme. Tramas foram criadas ali sem qualquer explicação ou sentido, e tudo nesse meio poderia ser descartado. Pura destruição de personagens. E disso nenhum real conclusão foi tirada.

Não a toa, a melhor parte do episódio surge nos 20 minutos finais, onde o ritmo se acerta um pouco e focam em alguns acontecimentos específicos. Temos momentos belos entre a gangue, vários anos depois do casamento, onde todos começam a acertar seu caminho novamente, e, finalmente, temos a maneira com que Ted encontrou a Mother. Era um momento esperado desde o piloto da série, e não poderia ser mais belo e real. A simplicidade com que fizeram aquilo conseguiu unir o sentido com a trama da série, e foi um belo serviço para os fãs. O diálogo que segue entre os dois, remetendo a acontecimentos da vida deles que foram paralelos, foi puro. E poderia ser o final perfeito do episódio. O final perfeito para a série.

Mas após isso temos mais alguns momentos chave no episódio, e aí está o maior erro. O final real da série deixou muito a desejar na sua última conclusão, fazendo um desserviço a toda a história criada (desserviço que virou até piada no episódio). A intenção dos autores de mostrar que a vida segue pareceu simplória demais, ainda mais colocada da forma como foi. O episódio teve vários desserviços a série, e poderia ser muito melhor aproveitado. A mensagem passada se perdeu em meio a inundação de acontecimentos e o que nós podemos tirar disso? A mensagem que poderia ser boa se bem trabalhada se tornou uma ofensa para o espectador.

How I Met Your Mother é considerada uma das 10 melhores séries dos últimos anos (pelo IMDB). Sua capacidade de unir drama e comédia foi exemplar, e sua construção nunca deixou a desejar. O final, apesar de equivocado em vários pontos, funciona em parte da trama, não diminuindo a qualidade da série como um todo, e nos entrega belos momentos entre risadas e choros. Não se pode julgar a temporada por este episódio, e muito menos a obra por seu final.

A série me ensinou muita coisa. Me ensinou que NY tem as baratas e ratos mais estranhos do mundo. Mostrou que é possível você viver seus 20 anos de uma boa forma, mesmo no meio dos problemas. Que não há problema algum em ser nerd e que todos tem a obrigação de assistir Star Wars (Exceto os atores). Ensinou que, caso um caminho não esteja correto, nós sempre poderemos mudar. Que, em algumas festas, coisas estranhas vão acontecer, e está tudo bem. Que nós sempre teremos amigos e aquele lugar especial para se encontrar, seja num bar, praça, ou casa de alguém. Que os amigos sempre devem estar presentes nos grandes momentos. Que, algumas vezes, a distância vai surgir, mas a amizade não vai se perder. Que não vale a pena ficar correndo atrás do amor desesperadamente. Que todos vamos sofrer por isso, mas que ainda vamos viver. Que apostas de tapas são as melhores apostas. Que seu casamento só será incrível se tiver um urso. Que sempre podemos dar um high-five.

E, por último, que nós encontraremos aquela pessoa especial. Nós podemos encontrá-la com 20 anos na porta da faculdade, com 25 anos em um bar, com 30 anos em uma estação de trem, ou até mesmo com 40 anos quando nós achamos que já perdemos a chance de encontrá-la.

One last high-five. A high-five to echo throughout eternity.

-dary.

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