Por Pedro Henrique

Harry Potter, o menino-que-sobreviveu, O Escolhido, inimigo do Senhor das Trevas autodenominado Lord Voldemort (ou, se você quiser saber o passado sombrio dele, Tom Marvolo Riddle), filho de Lilian e Thiago Potter, amigo de Hermione Granger e Ronald Weasley (seus melhores amigos), apanhador do time de Quadribol da Grifinória, uma das quatro casas da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwart’s, cujo um dos principais diretores foi nosso querido Alvo Percival Wulfrico Brian Dumbledore (ou só Professor Dumbledore, para os íntimos), o único bruxo que causava temor no nosso querido e atraente (?) Lord Voldemort.

Ok, essa é uma descrição um tanto descritiva de um garoto que procurava tudo, menos ser alvo de uma descrição de sua vida pessoal, escolar, sentimental ou o que fosse.

Mas enfim, vamos aos fatos.

Nem sempre Harry Potter foi um garoto excepcional. Até seu primeiro ano de vida, ele era “só” um garoto bruxo normal, filho de um casal bacana e simpático, que vivia num lugar legalzinho chamado Godric’s Hollow. O que fez, então, com que Harry Potter se tornasse um garoto tão especial assim?

A resposta pode ser mais simples do que se pensa.

Quem leu os livros ou viu os filmes da saga sabe que, no fim, Harry acaba se descobrindo uma horcrux involuntária, coisa que nem o próprio tio Voldie sabia. Todo mundo sabe ou pelo menos deveria saber que uma horcrux só se faz de um jeito: matando alguém.

Uma horcrux “nasce” quando uma parte da alma de um bruxo se parte, sendo transferida para algum objeto ou mesmo um ser vivo (como é o caso da cobra Nagini). Porém, no caso de Harry, nós temos que entender alguns fatos importantes. O primeiro e, com certeza, o principal fato está relacionado à profecia feita pela professora de adivinhação Sibila Trewlaney. Alguém lembra como era a profecia? Pois segue ela logo abaixo:

Aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas se aproxima… nascido dos que o desafiaram três vezes, nascido ao terminar o sétimo mês… e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece… e um dos dois deverá morrer na mão do outro pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver… aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar…

Uhhh, deu um arrepio na espinha agora. Mas, vamos prosseguir na conversa. Nossa talentosa(?) professora de adivinhação, pela primeira vez na vida, conseguiu a proeza de fazer uma profecia que realmente funcionasse. Nessa profecia, ela deu algumas informações realmente MUITO importantes e que deixam bem claro, todo o mistério que envolve Harry Potter, Lord Voldemort e as horcruxes.

A profecia diz que aquele com poder de derrotar o Tio Voldie seria filho de bruxos que desafiariam o Senhor das Trevas por três vezes. Para quem não sabe, tanto a família Potter como a família Longbotton (do nosso excelentíssimo Neville), desafiaram Tio Voldie três vezes. Tanto Harry como Neville, nasceram no mesmo mês. Que mês? Julho, oras. Mas, aqui entra aquilo que vai marcar o destino dos dois garotos. Segue a citação:

… e o Lorde das Trevas o marcará como seu igual, mas ele terá um poder que o Lorde das Trevas desconhece…

Ualá! Por que então, Neville não podia ser o escolhido? Porque Lord Voldemort, em sua fúria para proteger seu reinado, se esqueceu desse “mero” detalhe e foi atrás da família Potter para eliminar todo o risco de destruírem seu reinado. Porém, a profecia já estava lançada e nem todos os presentes no momento espiritual de Sibila ouviram todo o conteúdo profético. Além disso, temos nosso amigo rato (Pedro Pettigrew), que fez o favor de revelar o esconderijo dos Potter.

O que acontece a seguir está mais relacionado à profecia em si, do que à magia negra. Como disse, toda horcruxe, para ser uma horcruxe, precisa ser feita voluntariamente. Ou seja, o bruxo em questão precisa estar disposto a abrir mão de uma parte de sua alma. Ao matar os Potter, Lord Voldemort, obviamente, nunca esteve disposto a sacrificar sua própria vida. Pelo contrário, ele queria garanti-la, dando prosseguimento ao seu plano maléfico. Porém, é quando ele mata Thiago, Lilian e, por fim, tenta matar o menino Harry, marcando-o como seu igual, que ele involuntariamente “oferece” um pedaço de sua alma, a qual ocupa a primeira coisa que encontra pelo caminho, Harry Potter. Daí a origem da cicatriz.

Ao escolher Harry Potter como o menino que poria em risco o seu reinado, Lord Voldemort dá cumprimento à profecia de Sibila Trewlaney, marcando-o como seu igual. É por isso, por exemplo, que Harry também é ofidioglota, é por isso que o Chapéu Seletor sugere que ele vá para a Sonserina, é por isso que ele consegue ter acesso à mente de Tom Riddle. Porém, ao marcá-lo como seu igual, Voldemort lhe concede um poder que ele mesmo desconhece e que é fortalecido pelo sacrifício de Lilian Potter ao proteger o próprio filho.

Lilian criou sobre Harry, a proteção do amor, coisa que Voldemort, com certeza, nunca chegou perto de ter. É o que, num primeiro momento, faz a maldição lançada ricochetear, acertando Voldemort. Além disso, se você leu o sétimo livro direito, se lembrará que a família de Harry nem sem sempre se chamou Potter, mas Peverell. Essa família foi a mesma  que deu origem à lenda das Relíquias da Morte, a qual narra a história de três irmãos que herdaram objetos mágicos concedidos pela própria Morte.

Harry acabou herdando uma dessas relíquias sem saber de sua real importância, a capa da invisibilidade; A Varinha das varinhas e a Pedra da Ressurreição continuaram “perdidas” por aí.

Voltando. Lord Voldemort, na verdade, não morre ao atacar Harry a primeira vez, mas isso só se fica sabendo depois. O que ocorre é que seu corpo físico se corrompe no momento em que o feitiço lançado por ele se volta contra ele. No entanto, sua alma extremamente fragmentada, continua viva e flutuando por aí até que encontra o primeiro “objeto” que vê pela frente. O menino Potter.

Potter “não pode” ser uma horcrux porque o processo que fez com que ele herdasse uma parte da alma do Lord das Trevas não foi o mesmo que se usa para se criar uma horcrux. Para criar algo do tipo, você tem que matar alguém, mas se manter vivo também, o que não aconteceu com Tio Voldie. A meu ver, o que ocorreu tem mais a ver com biologia do que com magia. Uma parte de Voldemort simplesmente parasitou o primeiro ser vivo que viu pela frente, enquanto que o resto de seu corpo – ou alma – continuou por aí, vagando livremente, mas morto.

Prosseguindo, a profecia de Trewlaney diz que um deverá morrer pelas mãos do outro.

… e um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver…

Isso se dá porque, ao marcar Harry como seu igual, Voldemort faz dele, ele mesmo (?). É Simples de entender. Como eu disse, ao tentar matar Harry Potter, Voldemort fez de si mesmo um parasita, que encontrou em Harry o corpo perfeito para se manter vivo, mesmo que fora do corpo original. Ou seja, Harry nunca foi uma Horcrux porque ele nunca teve uma parte da alma de Voldemort, mas aquilo que sobrara dele durante a morte da família Potter. E, como todo vírus, para ser combatido precisa de um antivírus de igual poder para derrotá-lo; o antivírus em questão, era o próprio Senhor das Trevas. Só ele poderia matar Harry Potter, pois só ele teria capacidade suficiente para fazer isso. Na minha concepção, mesmo se outra pessoa tentasse matar Harry Potter, a existência de Voldemort dentro dele o traria à vida de volta, pois isso o torna mais forte do que o restante dos bruxos (pense no caso da simbiose, em Homem Aranha).

Daí, vamos à fatídica cena em que Harry se entrega ao seu algoz, para, por fim, sacrificar a própria vida a fim de salvar (ou tentar, pelo menos) o mundo bruxo porque o mundo trouxa já ia se ferrar mesmo, de qualquer forma.

Aqui, nós voltamos ao que eu disse sobre parasitismo e biologia. Como Voldemort é o único capaz de matar a si mesmo (lembrando que o que há em Harry não é um pedaço da alma de Voldemort, mas ele próprio), ele consuma seu plano no momento dramático em que, por livre e espontânea pressão, Harry Potter se deixa atingir pelo Avada Kedavra lançado pelo Senhor das Trevas.

Talvez você se pergunte por que Harry Potter não usou a pedra da ressurreição para ressuscitar? Porque a resposta é mais do que óbvia. A pedra só pode ser usada por uma pessoa VIVA. Com Harry morto, a pedra da ressurreição teria o mesmo valor que titica de galinha. Além disso, foi bem mais legal ele conversar com os pais e os outros do que ressuscitar a si mesmo.

Voltando ao assunto. Harry morreu e o mundo está condenado a padecer sob as mãos de Lord Voldemort. Só que não. Sabe-se lá porque cargas d’água, Harry simplesmente aparece na estação de trens de King Cross. Cena digna de uma experiência de quase morte. E lá ele encontra o parasita que por 17 infernizou sua vida, Lord Voldemort em sua forma mais feliz, mas ao contrário. (quem deve ser pior, Tio Voldie ou os Dursley?)

Depois disso, aparece nosso excelentíssimo Alvo Dumbledore, com sua mesma paciência de sempre, para contar a Harry todo o plano por trás do plano principal. E é aqui onde eu encontro a confirmação do fato de Harry não ser uma horcrux, mas um hospedeiro. No momento em Voldemort lança sobre o garoto, a maldição da morte, o que ele mata não é o corpo ou a alma de Harry Potter, mas ele mesmo.

Lembre-se que toda vez que nosso trio feliz (Harry, Rony e Hermione) destruía uma horcrux, o Lord das Trevas sofria de alguma forma. Porém, ao “matar” Harry Potter, sua dor foi muito maior, maior do que a destruição de uma horcrux qualquer, pois além de matar uma parte de sua alma, ele mata uma parte de seu próprio corpo físico: aquele que entrou em Harry, dezessete anos atrás.

Logo, por que não considero Harry Potter uma horcrux criada involuntariamente pelo Lord das Trevas? Porque, primeiro, a criação de uma horcrux DEVE ser voluntária, o bruxo em questão tem que querer criar algo do tipo. Segundo, a proteção gerada pelo sacrifício de Lilian Potter criou um escudo sobre Harry, que fez com que o feitiço ricocheteasse. Ninguém morreu, à exceção de Lilian. Terceiro, o corpo físico de Lord Voldemort foi desfragmentado, assim como sua alma, mas não foi destruído. Logo, a primeira coisa que ele fez, foi procurar algo que pudesse sustentar sua própria vida. Esse algo foi Harry Potter. Quarto, a profecia de Sibila Trewlaney nos diz claramente que o inimigo do Lord das Trevas seria marcado pelo próprio Lord das Trevas (lembrem-se da cicariz), tornando ambos iguais. Se ninguém pode matar Voldemort, ninguém poderia (pelo menos em teoria) matar Harry Potter. Quinto, “um deveria morrer pelas mãos do outro, para que o outro pudesse viver”. Nagine, como uma horcrux, não precisou matar ou ser morta para continuar viva. Já Harry e Voldemort precisavam se anular, para que pudessem viver “em paz”. Sexto:

… aquele com o poder de vencer o Lorde das Trevas nascerá quando o sétimo mês terminar…

Para terminar, se Harry tivesse matado Voldemort primeiro, teria feito alguma diferença? Não sei. Como Harry era um hospedeiro do próprio Voldemort, acredito que, com o tempo, a parte de Voldemort dentro dele acabaria assumindo o controle, tornando Harry o oposto do que conhecemos. Por isso a necessidade dele ser morto pelas mãos do Senhor das Trevas.

Depois que Harry descobre todo o rolo por trás de sua morte planejada, a coisa fica muito mais simples por vários motivos: por mais que Voldemort tivesse a Varinha das varinhas, sua arma obedecia a outro dono. Após “matar” Harry Potter, Voldemort se encontrava muito mais vulnerável, mesmo que ainda tivesse poder suficiente para quebrar o barraco. Além disso, Harry tinha a lealdade da varinha empunhada por Voldemort, de modo que ela jamais obedeceria por completo aquilo que o Senhor das Trevas queria que ela fizesse. Por fim, a vitória de Harry Potter, de certa forma, já estava premeditada, é só lembrar da profecia de Sibila Trewlaney. É a velha história do destino,

Ou você segue o destino, ou é arrastado por ele.

Bom pessoal, espero que tenham gostado dessa viagem.

Até algum dia!

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