Colplay lança em 2019 mais um álbum, intitulado Everyday Life, e ouso dizer que esse é um dos melhores de toda discografia (e que discografia!). Diferente de seus álbuns anteriores que traziam músicas animadas/explosivas e ou músicas muito introspectivas e tristes, esse novo projeto traz um Coldplay com uma roupagem totalmente nova.
Os instrumentos estão muito presentes, a começar pela primeira música do CD (Sunrise), inteira instrumental. Em Arabesque, por exemplo, mais da metade da canção é instrumental. E o encaixe é ótimo, porque os instrumentos e a melodia exprimem a emoção e as histórias das músicas por si só. Outra coisa interessante são as batidas do coração que aparecem em muitas músicas. Outros elementos interessantes também se destacam: sons de pássaros, natureza, água, crianças e outras pessoas falando e contando histórias aparecem constantemente ao fundo.
Há tantas referências ao longo das músicas e dos lyric-videos que seria impraticável detalha-los aqui. De maneira geral, o álbum traz duas dimensões: uma viagem ao mundo e um convite à casa de Chris Martin. Na primeira, as músicas fazem referências a muitas culturas, especialmente ao mundo árabe. Essas músicas são críticas, mas também trazem a mensagem que o mundo pode ter espaço para todos.
Na outra dimensão, Chris Martin canta muitas músicas de maneira simples e intimista, como se ele estivesse ao nosso lado cantando, com poucos instrumentos, sentado em algum canto com um violão na mão.
Para mim, as melhores faixas do CD são “Arabesque”, “Church” e “Orphans”.
Em geral, Coldplay fala pouco sobre o amor romântico. O foco dessa vez é no sentimento de irmandade e união entre pessoas. Esse álbum deixa claro como crítica que as barreiras, fronteiras e a segregação apenas nos enfraquecem, e que a união pode fortalecer. As letras fazem essa narrativa de maneira gentil, linda e esporadicamente pontuada com uma raiva e insatisfação (especialmente trazidas pelos instrumentais).
Como o próprio nome do álbum diz, as músicas representam o ser humano no seu cotidiano: suas dores, suas ambições e principalmente suas dificuldades. Vejo esse álbum como um convite a uma nova forma de viver e se identificar com o outro. É quase como um encorajamento à luta, mas, como diz em Arabesque, com uma outra arma diferente da que estamos acostumados: a música.