Depois de La Casa de Papel e As Telefonistas as produções espanholas ganharam visibilidade e fãs, no catálogo da Netflix. A nova aposta desse segmento é ELITE – uma minissérie com pegada de novela capaz de prender todos espectador que se permita assistir o episódio piloto.
As semelhanças da produção com outra novela teen – Rebelde – vai além do uniforme e do cenário escolar. A trama começa quando uma escola pública da cidade desmorona devido lavagem de dinheiro na compra dos materiais da construção. Como forma de “compensar” o ocorrido, o responsável pela tragédia oferece 3 bolsas de estudos para o colégio de elite onde seus filhos estudam.
Os escolhidos são Nadia, Samuel e Christian que em pouco tempo roubam os holofotes da escola e se envolvem com o grupo mais popular e badalado do pedaço no melhor estilo Gossip Girl possível.
MISTÉRIO E SUSPENSE
Quem começa ver a série pode se confundir e pensar estar assistindo uma versão latina de “How to Get Away With Murder”. No mesmo estilo de flashback descobrimos que ocorre o assassinato de uma aluna e os colegas são chamados a depor. Diferente da trama americana, no entanto, a vítima não é o grande segredo da história – revelação feita já no segundo episódio.
Os oito episódios da temporada 1 transformam todos os protagonistas em potenciais suspeitos. O suspense fica então em descobrir o responsável pela morte e seus motivos para isso.
Embora o crime em si seja o pano de fundo para toda condução narrativa, muitos plots são desenvolvidos ao longo dos episódios. O ritmo eletrizante (tipicamente espanhol) é conduzido com diálogos rápidos e cenas marcantes nas mãos dos criadores Darío Maradona e Carlos Montero.
POLÊMICAS E TABUS
Definitivamente com o alvo no público juvenil a novela toca em temas polêmicos e tabus para a juventude. Crenças, comportamentos e valores de cunho religiosos são trabalhados no núcleo muçulmano com Nadia e seu irmão Omar. Este último, além de permeado pelas regras da religião e tradições familiares revela-se homossexual, gerando conflitos intra e interpessoais com amigos e conhecidos.
Ainda com Omar, temos a pauta das drogas – recurso usado por ele como forma de juntar dinheiro e conseguir a independência necessária para viver livremente longe da família.
Nadia carrega consigo muitos questionamentos sobre o papel da mulher em culturas milenares e principalmente os dramas da relações destas com o mundo ocidental.
Como se um gay muçulmano e as drogas não bastassem, a trama levanta ainda tabus sobre HIV. Diferente dos outros tabus, no entanto, esse eixo fica na zona rica da história. Marina (filha do empresário culpado pela tragédia da escola pública) é uma daquelas ricas revoltadas. Contradizendo tudo o que sua família doriana prega, Marina é conhecida como “hippie” na escola e diz lutar contra a corrupção do pai. Despreocupada com os julgamentos alheios ela foge de todo e qualquer estereótipo de menina rica.
Outro tema abordado de forma abrangente na série é a sexualidade. Além das relações homoafetivas protagonizadas por Omar, Christian junto à Carla e Polo abordam aspectos da poligamia e bissexualidade. Não à toa a classificação indicativa da série é de 18 anos. Em quase todo episódio contamos com uma cena “caliente” com os jovens – fica a dica para quem está maratonando na TV da sala.
Embora aparentemente bem elucidativa sobre os temas relatados acima, é importante destacar que tudo isso aparece como coadjuvante quando comparado aos dramas clichês de novela como os romances e jogos de poder. Ainda assim, a visibilidade do temas listados não passa despercebido por quem assista.
NÃO É SÓ MAIS UMA NOVELA ESPANHOLA
Embora muito semelhante às outras produções do gênero, ELITE demonstrou nos oito episódios da temporada, um grande potencial narrativo. Destaca-se também a boa atuação da maior parte do elenco (sem falar no sotaque maravilhoso). O último episódio deixa um ótimo gancho para season 2, mas ainda não há confirmação se de fato teremos essa sequência.
O público juvenil certamente é envolvido do início ao fim da série, seja pelo mistério e investigação, seja pelos dramas e reviravoltas na vida dos protagonistas. Os temas de diversidade abordados na primeira podem ser trabalhados com mais tranquilidade em uma eventual continuidade da série, tanto pelo caráter educativo dessas produções atualmente quanto pela coerência no ambiente onde se passa a história (uma escola).
Já conferiu os episódios? Qual sua impressão da série?