Não é de hoje o caminho da arte ficar cada vez mais difícil, dependendo cada vez mais de contatos e de muita dedicação. Em Marvin (Marvin ou la belle éducation no original) vemos um jovem, que cansado de sofrer bullying vê no Teatro uma maneira de expressar-se livremente.
“Martin Clement, nascido Marvin Bijou, escapou. Ele escapou de uma pequena aldeia no campo. Ele escapou de sua família, da tirania de seu pai e da renúncia de sua mãe. Ele escapou da intolerância, da rejeição e do bullying que sofreu por ser apontado como “diferente”. Contra todas as possibilidades ele encontrou aliados. Primeiro, Madeleine Clement, a direto do ensino médio que o apresentou ao teatro e cujo nome ele adotará mais tarde como simbolo de sua salvação. Em seguida, Abel Pinto, seu mentor e modelo, que irá encoraja-lo a contar sua história no palco. Finalmente, Isabella Huppert, irá ajuda-lo a produzir seu show e trazê-lo para a vida. Marvin/Martin arriscará tudo para criar esse show que representa muito mais que o sucesso: é o caminho para a reinvenção.” – A2 Pictures
Marvin nos apresenta um único núcleo narrativo, porém dividido em dois períodos diferentes, onde vemos o jovem garoto revivendo sua infância, através de flashbacks, ao mesmo tempo em que está escrevendo o monólogo que ilustra sua vida. Ambos os períodos são competentes, entregando bons personagens e nos mostrando as dificuldades que Marvin viveu.
O filme ainda nos mostra as dificuldades do jovem garoto ao descobrir sua orientação sexual, sendo motivo para o bullying que sofria na escola e um fator para a negligência que vivia em casa. O fator da orientação sexual de Marvin acaba permeando sutilmente a história, tornando-o uma ferramenta para definir a personalidade do personagem, suas convicções e sua luta interna por libertação.
Abordando as dificuldades e preconceitos, o filme consegue retratar uma realidade que assombra os artistas nos dias atuais, onde muito do sucesso alcançado se dá devido a contatos dentro do meio. Porém, acaba não se aprofundando nesta premissa, deixando-a subentendida.
Nos mostrando uma visão mais crua da França, conseguimos rapidamente criar empatia com os personagens, que tornam-se importantes e memoráveis com o passar da trama, temos um cast competente, que entregam atuações orgânicas e de boa qualidade.
Apesar da premissa clichê e já explorada, Marvin consegue surpreender, nos entregando uma história repleta de autoconhecimento. Com estreia prevista para 06 de setembro, o drama torna-se uma boa alternativa para os que desejam uma visão mais sensível sobre o poder da arte em nossas vidas.