A tênue linha entre a fé e o ceticismo é ligada diretamente pelas experiências vividas por cada um. Em A Aparição, acompanhamos Jacques, um ex jornalista de guerra prestigiado por sua imparcialidade e sua detalhada busca em campo, que é chamado pelo bispo do Vaticano para contribuir com uma investigação canônica em uma pequena cidade francesa, onde a jovem Anna diz ter encontrado com virgem Maria.
Apesar da abordagem jornalística, a obra não tem como objetivo julgar ou expor as manifestações de fé, e sim propor uma visão ampla e de teor investigativo sobre os milagres e aparições, considerados reais pelo Vaticano, que através de meios científicos e psicológicos, tenta averiguar e comprovar os fatos da do fenômeno.
Dividido em seis partes, o filme acaba pecando no ritmo, tornando-se cansativo em alguns momentos, porém sempre deixando a trama interessante e intrigante, fazendo com que o espectador tenha a liberdade de decidir quem está com a razão ou em quem acreditar.
O filme consegue mostrar com seus detalhes e sutilezas, os contrapontos éticos de padres que acabam se desviando do caminho e sucumbiram a ganância ou a soberba, mantendo-se sempre respeitoso ao tratar da corrupção que algumas igrejas se submeteram.
O elenco é em sua grande parte amador, porém podemos destacar a atuação de Galatea Bellugi, que interpreta Anna, que consegue através do olhar, gestos e tom de voz, passar toda a sensação de acreditar no que está falando e no que viu.
Fugindo do tradicional, A Aparição é uma ótima alternativa para os que buscam por uma experiência diferenciada, com certa carga religiosa, nos provando que o cinema francês ainda tem muito para nos oferecer.