Durante a coletiva de imprensa da 41a Mostra Internacional de Cinema São Paulo, fomos premiados com a primeira exibição do filme “Três anúncios para um Crime“, que foi o grande vencedor do TIFF (Toronto Internacional Film Festival) deste ano. O Festival de Toronto costuma ser um dos grandes indicadores aos favoritos ao Oscar.
No filme, uma mãe aguarda por sete meses o desenrolar das investigações da morte da sua filha que foi brutalmente assassinada, estuprada e queimada. Porém com a falta de evidências e sem ver a polícia agindo para solucionar o crime, ela resolve alugar três outdoors para cobrar ações do xerife Bill Willoughby (Woody Harrelson).
Frances McDormand é a protagonista do filme (Mildred) e dá um show de atuação. Indicada 4 vezes ao Oscar e vencedora por “Fargo”, a atriz consegue se destacar e entrar na corrida para indicação a uma estatueta dourada. A performance de McDormand vai do desespero a compaixão, do ódio ao sarcasmo, da tristeza a tentativa de paz e justiça.
Woody Harrelson também se destaca como o xerife da pequena cidade Ebbing, do estado de Missouri. Martin McDonagh, diretor do esperto Na Mira do Chefe (2008) e de Sete Psicopatas e um Shih Tzu (2012), mostra uma competência impar ao dirigir mais este longa. Um filme com assunto delicado, que beira o sarcasmo em meio a tanta violência.
A falta de confiança nas intituições, a reação imediata por justiça sem mesmo ter conhecimento por toda história, o partido tomado pelos moradores da cidade, o preconceito em todas as formas. O assunto é tratado de forma tão intensa que chega a incomodar o espectador, que reage as vezes com risos em determinadas situações, mesmo sendo errado rir de tal fato.
Peter Dinklage (famoso por interpretar o Tyrion Lannister em Game of Thrones) tem um papel pequeno, mas brilha em determinada cena. Talvez seja Sam Rockwell que tenha chances de indicações entre o elenco masculino, com a responsabilidade de interpretar o policial racista, de pouco intelecto e extremamente violento.
O filme surpreende pelo fato de abordar um tema tão delicado e tão relevante nos dias de hoje. Sem se tornar apelativo ou com violência gratuita, o longa deixa questionamentos referentes aos nossos comportamentos e pré julgamentos, num mundo onde atitudes são tomadas por imediatismos.