Por Paul Jones, em Radio Times
Tradução: Aline Dias
22 de janeiro de 2016
Um maior enfoque nos valores familiares? Épicos atores convidados? O lado meio obscuro de seus dias de Torchwood? Paul Jones examina minuciosamente o catálogo dos trabalhos anteriores do escritor de Doctor Who.
O que podemos esperar do novo showrunner de Doctor Who, Chris Chibnall?
É meio esperado que um showrunner de Doctor Who deve ser um fã de longa data da série, mas ainda é bom saber que Chris Chibnall – que RadioTimes.com revelou hoje irá substituir Steven Moffat no papel – tem credenciais genuínas de fanboy para contribuir com a sua experiência profissional escrevendo para o show.
Eis um Chibnall adolescente em 1986 (link de outro artigo no texto original), falando sobre o programa de discussão BBC Open Air, representando a “Doctor Who Appreciation Society” e dando um puxão de orelhas nos escritores sobre Colin Baker no episódio “Trial of a Time Lord”.
Por um lado, isso vai agradar alguns dos fãs que não avaliaram esse episódio. Por outro, criticar Doctor Who por ter muitas “correrias para cima e para baixo por corredores e monstros bobos” parece um pouco irônico vindo do homem que viria a escrever na sétima temporada o episódio “Dinosaurs on a Spaceship”…
Pondo isso de lado, o que é que as contribuições de Chibnall em Doctor Who até agora sugerem como ele vai ser como showrunner?
Temas em torno da família parecem aparecer com bastante freqüência em episódios de Chibnall, juntamente com os aspectos mundanos, mas íntimos, que alguns dos personagens experimentam entre as aventuras de viagem tempo de tirar o fôlego. Chibnall foi o escritor que criou o pai de Rory, Brian, levou-o ao longo de uma aventura para mostrar-lhe como é maravilhoso o amplo universo é, mas, em seguida, o fez optar por ficar em casa, porque “alguém tem que regar as plantas”.
No episódio em duas partes “The Hungry Earth/Cold Blood”, três gerações de uma família são pegos na ressurreição dos “Silurians”, enquanto o primeiro episódio de Chibnall, “42”, vê Martha Jones gastar metade do seu tempo telefonando para sua mãe. E a Websérie em cinco partes “Pond Life”, é claro, se passa inteiramente na casa de Amy e Rory.
Esses insights sobre as experiências dos personagens e as coisas que os fazem humanos parecem importantes para Chibnall, então talvez nós vamos ver mais sobre a vida familiar da/o nova/o “companion” (quando ela, ou ele, for finalmente escolhida/o) – ou talvez até mesmo o Doctor interagindo com alguns membros da sua própria família novamente (afinal, ele tem sido chamado de pai, avô e marido durante o seu tempo). Ou talvez nós vamos chegar a vê-lo fazer uma xícara de chá na cozinha da TARDIS. Finalmente!
O outro lado da moeda parece ser o amor aparente de Chibnall por celebridades como convidados especiais, mesmo que isso signifique participações especiais de rostos famosos da atualidade – como o Professor Brian Cox compartilhando seus pensamentos sobre as misteriosas caixas alienígenas em “Power of Three” ou Lord Sugar no mesmo episódio – ou a criação de um elenco extra de personagens como a rainha egípcia Nefertiti (Riann Steel) e o famoso caçador John Riddell, como ele fez em “Dinosaurs on a Spaceship”. Talvez nós vamos ver um retorno às tradicionais aulas de história com viagem no tempo da série clássica onde encontramos pessoas assim.
Não se esqueçam, claro, que Chibnall também foi o escritor-chefe das duas primeiras temporadas da série pós-divisão de águas, a spin-off “Torchwood”. Enquanto sua produção às vezes de mal gosto no início fez com que a série não ter tido tanta personalidade quanto se gostaria, ele regularmente apresentou enredos carregados em teor sexual (incluindo um episódio no início sobre um alienígena que consumia as suas vítimas durante o orgasmo) e abundância de mortes humanas violentas. Obviamente, nós não vamos ver esse tipo de enredo em Doctor Who (mesmo que tenha se aproximado desse divisor de águas nos últimos tempos), mas talvez seja um sinal de que o drama familiar e as escapadas históricas irão se equilibrar com o lado mais sombrio que ressurgiu sob a supervisão de Steven Moffat.
A verdade é que não podemos tirar muitas conclusões definitivas sobre para onde Chibnall vai levar Doctor Who – ele simplesmente não teve oportunidades suficientes para nos mostrar ainda. Mas em “Broadchurch” ele teve experiência de escrever e executar um show de grande sucesso (estrelado por um ex-Doctor, *David Tennant) e Steven Moffat claramente confia nele o suficiente para passar as rédeas, por isso, com fé, Doctor Who está em boas mãos.
Chibnall tem muito tempo para planejamento, uma vez que ele provavelmente não vai assumir oficialmente até que a próxima série de Moffat termine no final de 2017 / início de 2018. A partir daí, será de sua responsabilidade.
Revisão por Artemys Ichihara