Por Adrien
16 de Agosto de 2015.
E quem não ficou perturbado com Dollarhyde comendo uma arte feita nos anos 1800 no episódio anterior? A metáfora vai longe para algumas pessoas… Fazendo com que a simbologia para o assassino seja importante para sua transformação. Ele engolindo aquela arte era como se ele tivesse o Dragão dentro de si, mesmo que, no ponto de vista de outrem, ele apenas tivesse comido um papel que vale muito dinheiro.
O quão mais perto chegamos do título do último quadro de William Blake, The Number of the Beast is 666, mais descobrimos sobre o homem que interpreta o personagem das telas.
…And the Beast from the Sea (… E a Besta do Mar), refere-se ao quadro “The Great Red Dragon and the Beast from the Sea”, de William Blake. Provavelmente fala sobre essa parte que expliquei sobre as obras na minha review do episódio 9: “Ele a ataca com uma enxurrada de água de sua boca, que, no entanto, é engolida pela terra”.
Save yourself. Kill them all.
Que Lecter iria aproximar a família de Will ao Red Dragon, isso já estava bem óbvio desde a primeira aparição do vilão, no episódio 8. De qualquer forma, as cenas se transpassaram interessantes e não deixaram o thriller de lado, nos fazendo torcer para que a mãe e o filho sobrevivessem. Acredito que Hannibal não tenha feito isso para atormentar Will, apesar de toda história que eles tenham juntos. Imagino que ele tenha se visto nele ou compreendido a poesia em um homem procurando uma forma de se expressar e de se libertar. Já que ele é um psicopata, é fácil encontrar a arte nisso invés do sofrimento que acaba gerando.
“O Grande dragão vermelho é a liberdade para ele, transbordando da pele, do som da voz, e do próprio reflexo dele”, explica Hannibal. É como se fosse o alterego do assassino, dividindo sua personalidade tímida e reclusa que vimos nele ao lidar com seu interesse amoroso, e sua personalidade de dragão vermelho, medonha e sanguinária.
É interessante prestar atenção nas mudanças, que eu tinha reparado antes, na forma como Hannibal se vê. Dessa vez mostrou Hannibal como psiquiatra de Dollarhyde, em seu escritório aconchegante, assim como Will o enxergava anteriormente. Porém, após ter a esposa quase morta, as cenas com o ponto de vista de Graham deixaram claro o espesso vidro entre eles. Nesse último encontro, a iluminação no cenário deixou Hannibal com uma aparência ainda mais sombria, e Hugh Dancy fez uma ótima interpretação de seu personagem, mostrando em suas expressões que, dessa vez, não importa se as ações de Lecter fazem sentido ou não, elas não são corretas e ele quer acabar com ele.