Por Guilherme Souza
04 de Maio de 2015
Game of Thrones sempre flertou com religião, política, fanatismos e a eterna guerra pelo poder. Nesta última temporada, um desses pontos tem se sobressaído bastante, sendo a força de Sons of the Harpy, o fanatismo.
Em movimento desde o retorno da série, nesta semana nós vimos a militância encabeçada pelo Alto Pardal ganhar destaque com a ajuda de Cersei. A rainha, lutando para deixar tudo como ela quer, permitiu o retorno da Fé Militante, armando os seguidores do Pardal e permitindo que eles saíssem à caça de pecadores. Foi uma manobra feita para ferir duas pessoas, Baelish, dono dos bordéis, e Margaery, que teve seu irmão capturado e preso.
Com isso, dá para ver como Cersei está cada vez mais louca, desesperada para manter tudo como está. A Coroa está em dívida com o banco de Braavos, ela perdeu peças importantes no Conselho, e ainda está lutando para enfrentar Margaery, a nova rainha. Tudo sem medir consequências. Não há dúvida de que esse retorno da Fé Militante, banida pelo fanatismo, irá gerar problemas grandes no futuro, até porque ela vai contra o desejo de gente poderosa, como o próprio Baelish e os Tyrell (Margaery prometeu entrar em contato com sua avó no episódio).
Continuando com os Lannister, nós acompanhamos a chegada de Bronn e Jaime à Dorne, com os dois mantendo aquele relacionamento ácido e irônico e enfrentando problemas já na chegada do lugar, pois tiveram que matar alguns sentinelas que estavam pela região.
Sinceramente, foi um momento bem aleatório do episódio, que poderia ser dedicado a desenvolver melhor outros núcleos que apareceram, apesar de divertido. E, paralelo a essa chegada, tivemos a primeira aparição das Serpentes de Areia. As filhas de Oberyn descobrem que o Lannister veio à sua cidade e planejam chegar até Myrcella antes dele.
Assim como a primeira aparição de Dorne, esse momento das Serpentes também deixou a desejar. Curto demais, sem desenvolvimento e destaque no meio de diversos núcleos, essa parte importante da história (e temporada) ainda carece de melhores momentos.
Indo da areia à neve, tivemos mais alguns bons momentos com Jon Snow e Stannis em Castle Black. Dessa vez o bastardo teve um destaque menor, reduzido a uma interação com Melisandre, decidida a dominar o jovem comandante de uma maneira muito parecida com a usada com Gendry – que ainda deve estar remando por aí – há algumas temporadas (não tenho dúvidas de que havia uma sanguessuga por ali). O interessante desse momento foi que ela prometeu para Jon o mesmo que havia dito a Stannis, poder, vida e domínio. Os planos que ela tem para Jon não devem ser largados de lado, e ela logo deve fazer outra investida no garoto.
E o maior destaque do Norte acabou ficando com Stannis e Shireen. Um momento singelo e amoroso entre pai e filha que, apesar de não ter muita relação com a trama no momento, mostra tudo que é preciso para entender o Baratheon. Honra, frieza e lealdade moldam o personagem, e tudo foi demonstrado com apenas um diálogo entre os dois.
Ainda no Norte, outra trama que teve seus momentos foi a de Sansa. Em uma cena curta, vemos a personagem conversando com Baelish, que pretende voltar à King’s Landing para resolver os problemas com Cersei, deixando a garota no meio dos inimigos.
A discussão entre os dois mostrou duas coisas interessantes: Sansa já aprendeu algumas coisas sobre manipulação, que ela deve usar para quebrar um pouco o domínio dos Bolton ali, possivelmente com um futuro apoio de Stannis, que pretende tomar o lugar. E, muito mais interessante, vimos que a série já está jogando no ar algumas teorias sobre a relação de Lyanna Stark e Rhaegar Targaryen, que pode ser muito mais complicada do que a história de que ele a sequestrou. É um núcleo para ficar de olho nesta temporada.
Por fim, a vida não está fácil para Daenerys. Sem dragões e apoio, a personagem enfrenta cada vez mais problemas com os nobres de Meereen, sedentos por recuperar algum poder e hábitos antigos, mas que encontram na rainha uma resistência irritante. E tudo porque Daenerys, por mais que tenha pessoas boas em seu conselho, não conta com pontos de vista diferentes e fundados em filosofias, planejamentos e propostas à longo prazo. O resultado é essa confusão e disputa eterna entre nobreza e plebe, com a entrada dos fanáticos Filhos da Harpia na história, dando o nome ao episódio por todos os motivos ruins possíveis.
O grupo, que estava nas sombras até agora, resolveu, assim como a Fé Militante, fazer grandes ataques na força da rainha. Emboscadas feitas por regiões da cidade tinham o objetivo de acabar com os Imaculados, maior força militar de Daenerys. Nesse trecho do episódio, ficou evidente de novo a dificuldade que a série tem em fazer boas coreografias para suas lutas. Todo o ataque foi confuso, ainda mais por ser dentro de corredores estreitos.
Mas ainda assim a cena – e os Filhos – cumpriram seu objetivo. O episódio termina com Daenerys perdendo um de seus maiores conselheiros (e Westeros perdeu um grande cavaleiro) com a morte de Sor Barristan. E ainda há a possibilidade de perdermos o Verme Cinzento, líder dos Imaculados. Não está fácil para Daenerys…
Sons of the Harpy teve seus pontos altos e baixos, mas a série pecou novamente por mostrar núcleos demais durante o episódio. Agora nos resta esperar pelas consequências dos atos desses fanáticos, que devem gerar uma resposta impetuosa de Daenerys.