Por Josiane Silva
Cley Jensen, um garoto de 16 anos que um dia após chegar da escola encontra, em sua porta, um pacote endereçado a ele; uma caixa de sapatos, cheia de fitas cassete enumeradas de ambos os lados até o número 13. Muito confuso e curioso ele desce até o porão e, ao colocar a primeira fita no rádio, ele ouve a voz de quem menos esperava: Hannah Baker, uma garota de sua escola que cometera suicídio duas semanas atrás.
Ao ouvir as palavras de Hannah, Cley começa a se sentir muito mal, aliás, ela não era apenas mais uma garota, não para ele, Cley realmente gostava muito de Hannah; e agora no áudio ela revela que aquelas fitas contém os motivos que a levaram a tirar a própria vida, ou melhor, que cada lado está direcionado à uma pessoa específica que de alguma forma contribuiu para formar a bola de neve que acabou estilhaçando os sentimentos de Hannah.
As instruções da garota são claras: você deve ouvir todas as fitas, aliás não há outro modo de descobrir qual a sua parte, e repassa-lás para a próxima pessoa da gravação. Caso as fitas deixem de ser repassadas, as cópias seguramente guardadas com outra pessoa serão divulgadas e todo mundo ficará sabendo de seu segredo, do seu erro, seja ele pequeno ou muito constrangedor.
Juntamente com as fitas Cley recebe um mapa com vários pontos marcados em vermelhos, locais importantes onde os eventos aconteceram e que ele supostamente deve visitar, e por vários motivos ele não consegue deixar de seguir as instruções de uma garota morta. Ele precisa saber o que realmente aconteceu com ela e, ainda mais, precisa saber o que pode ter feito de errado, mesmo que sem querer, para contribuir com esse terrível acontecimento, e o único jeito de obter as respostas é colocar o fone e deixar com que Hannah o guie através de seu labirinto e permitir-se se perder com ela.
Durante toda a noite, quanto mais ouve as gravações, quanto mais fundo chega na história de Hannah, mas perturbado Cley fica, mais sente falta dela, e maior a sensação de impotência que pesa sobre seu ombros.
O livro é divido por capítulos, que na verdade são os lados das fitas de Hannah, em um primeiro momento pode parecer chato ficar ouvindo uma garota reclamar da vida, mas isso não acontece de forma alguma, pois o autor Jay Asher, ao intercalar a narração de Hannah com as reações, comentários e lembranças de Cley, deixa a narrativa tão leve quanto um livro com esse tema pode ser.
Me surpreendi de muitas maneiras positivas com essa leitura, nunca pensei profundamente sobre os motivos que levam as pessoas a cometer suicídio. Conforme a narrativa começa, algumas primeiras coisas me pareceram bobas, mas, conforme a protagonista explica como se sentiu e como aquilo a afetou, isso me levou a ponderar sobre como realmente os acontecimentos têm peso bem diferentes na vida das pessoas.
Outro ponto que o autor trabalha é em mostrar como podemos ser falhos em tratar algo que fazemos, ou o modo como tratamos outra pessoa, um fato completamente isolado; jamais podemos saber de verdade qual o peso de nossas ações na vida das pessoas. O que para nós é apenas uma má reação egoísta, para outros pode ser a brisa que os empurra para o abismo.
“Os 13 porquês” pode parecer uma leitura pesada, mas garanto que não é. A forma como tudo foi cuidadosamente construído cria um cenário propício para os amantes de leituras mais profundas, e é uma ótima opção para quem quer fugir do óbvio.